sábado, 15 de maio de 2010

Quase nada a dizer.



Tem dias que a poesia me vem mesmo que triste, a poesia quase sempre me vinha fluindo nas mãos geladas do frio, mesmo nas lágrimas (talvez mais ainda nelas) me vinha poesia.

Hoje eu não sei o que aconteceu, parece que ela se despediu, caiu fora, voou pela janela. Me deixou sozinha, abandono dolorido, nem mesmo disse que voltaria.
As palavras custam a sair, parece que nada vai se juntar, que as frases não irão fazer sentido algum se eu as escrever. Passa uma brisa no meu pensamento, sinto um cheiro meio que do campo, fecho os olhos, esfrego as mãos, nada me vem.. silêncio, vazio.
Então, chego a pensar o que me aconteceu, mesmo quando me doía eu tinha as palavras comigo, mesmo na escuridão, mesmo que não fosse preciso escrever nada, eu escreveria.
Hoje não é assim, me falta alguma coisa, tenho uma dificuldade como se ainda não soubesse escrever, nem ler, nem soltar os sons das letras. Busco gritar, dentro de mim, falar alto para que me venha algo, qualquer coisa, que possa me resgatar desse abismo de vazios doloridos.

Não tem lágrima, não tem sorriso, não tem nada aqui, nem mesmo dor.. me diziam que saudade dói, acho que talvez não. Aqui dentro tem saudade, mas parece que ela sentou e se acomodou. Não me faz enfurecer, nem levanta e vai embora. Tem amor também, mas esse está no canto, cansado de sofrer, sem forças para dizer algo. Ama em silêncio, porque poesia de amor, quando está só, não sai.

- Rafaela Alves.

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