sexta-feira, 28 de maio de 2010

Às palavras.


Então, estou eu aqui novamente, escrevendo, aquela minha forma (talvez única) de me refugiar de minhas dores, do aperto que trago no peito, dessas lágrimas salgadas (um gosto que já me enjoa), fugir dos desesperos que permanecem trancados dentro do meu quarto, dos meus pensamentos que vão longe e quase nunca volta sem estarem machucados.
Escrever.. tomei um gosto insano por isso, claro, aquilo que nos faz bem quase sempre queremos insanamente.
Desde pequena escrevia algumas vezes aquelas historinhas de criança, mas também já ganhei um concurso de poesias com uns poucos 9 anos, parei por um tempo, só então descobri que escrever é como se tivesse anjos ao seu redor, que escrever é chegar até o céu e trazer um pote com nuvem dentro de recordação e a gente nem precisa escrever bem, nem algo bonito, nem algo que vá encantar alguém. Alguns escrevem assim, encantam, algumas vezes até escorrem as lágrimas salgadas, algumas palavras doem. Mas, eu, eu não escrevo nada que possa ser muito bonito, nem encantador, cada palavra, talvez, leve um pouco mesmo é de desencanto, amargura, sofrimento.

Para mim, palavras são amigas, são aquelas parceiras de infância que não se separam, nunca. Assim, sempre que você chora elas vêm te abraçar, te beijam a testa e dizem que estão ali.
As palavras são aquelas que a noite, quando todos estão dormindo, você pode ir ao encontro delas, elas nunca dormem. Você desabafa, chora, abraça e no fim (mesmo que igual) tem algo mais bonito dentro de você, como uma palavra que soa bem, céu, azul, sonho.. essas me fazem sorrir.
É esse o motivo, a minha busca, o sorriso. Sinto falta dele todas as noites, sinto uma vontade enorme de dar risadas altas, mas elas não aparecem a noite. É ai que escorrem essas gotas dos olhos, que mais parecem água do mar, um salgado que quando se bebe enjoa, faz muito mal.
Aqui nessas palavras eu corro, fujo, suspiro. Não, elas não têm a força que preciso para me levantar, nem mesmo fazem cócegas o bastante para que eu sorria, mas elas de alguma forma me amparam, me trazem paz, a paz para que eu consiga fechar meus olhos e não pensar em nada.
Penso em céu, azul, sonho.. não sorrio.
Mas isso já deve ser o meu coração cansado, as palavras ainda não conseguem reanimar o meu coração, quase parado.

- Rafaela Alves.

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