segunda-feira, 24 de maio de 2010

Inspirado na frase: '..os tempos são difíceis para sonhadores..' Filme - O Fabuloso Destino de Amélie Poulain


Algumas vezes tenho uma dor que parece ser de fome, mas não é. Ela vem forte, aperta o estômago, talvez aperte o coração também, só sei que aperta. E eu chego a me sentir sufocada, irritada e de tão nervosa eu choro.
Então, passo a pensar nessa minha dor, que vem quando penso naquilo que gostaria que acontecesse, mas que por alguns motivos não acontece.
Como será que chamam essa dor? Dordequemdesejaenãotem? Talvez a dor dos sonhadores. Passo as noites sonhando, viajando, por ai, em tantos lugares, que algumas vezes nem são reais.
Lugares que parecem existir só no céu, uma coisa bonita que só poderia ter flores, nuvens, azul.
Só que quase sempre os sonhos acabam, quase sempre paro de pensar e vejo um pouco de realidade, é ai que me vem essa dor estranha.
Eu custo a suportá-la, custo a entender que sim '..os tempos são difíceis para sonhadores..', me aperta o peito, forte demais, saber que sonhar é apenas sonhar.
Então, dizem que só de sonharmos as coisas já se tornam possíveis, que o desejo é o impulso das realizações. Mas, me digam, e quando os sonhos não são realizados? Quando o tempo já se estendeu demais? Quando a espera sacode tanto que os sonhos vão sumindo? Quando a esperança se resume a pó? Quando a gente fica descrente.. o que acontece?
Essa dor não passa, e cada pensamento que tenho me escorre uma lágrima, cada lembrança me resta uma mágoa e os meus desejos já não se realizam a tanto tempo.
Eu tenho tanto medo. Medo de que os sonhos não sejam reais, nem mesmo em algum lugar bonito do universo, tenho medo de que a espera seja em vão, medo de que o destino desconfie que me acostumei com a dor, com essa distância daquilo que me é essencial.
Ah se eu pudesse dizer ao destino aquilo que trago na mente, no coração, talvez se ele soubesse, cruzaria meus caminhos, iria trazer pra mim os meus sorrisos de volta, iria me levar até alguém que me é tão especial.
Ah como eu gostaria de que essa dor fosse embora, mas não com remédios, eu queria mesmo que ela fosse embora quando eu estivesse vivendo meus sonhos, quando os meus pensamentos fossem realidade.
Como é difícil manter a esperança quando os dias passam, quando me vejo em noites e dias iguais, sem meus sonhos coloridos neles. Como é difícil quando abro os olhos e tudo não passa de coisa da minha mente, essa mente que busca uma só coisa.
Tão difícil ir vivendo pela metade, ir levando tudo como pode, quase sem ninguém saber que pra mim não está nada bom, que nada que eu estou fazendo está me acrescentando algo.
Não queria dizer, mas tem dias que as estrelas no céu não fazem mais diferença, isso me dói tanto, porque chegar a não me importar com as estrelas é quase perder a fé.

Mas, eu não quero perder a minha fé, nem mesmo quero que as estrelas vão embora, quero elas no céu, quero tanto elas quietinhas no céu azul marinho, quero que elas brilhem enquanto não posso brilhar com elas.
Ah, eu também queria a lua cheia, todos os dias, queria poder sair lá fora e ver ela bem redonda e grande, com tanta luz que faz os olhos arderem. Queria uma escada para o céu, pra eu poder ir lá, enquanto me faltam forças para voar.
Queria uma rede pendurada em uma varanda, em um campo cheirando a lavanda, com algumas borboletas coloridas para me fazerem sorrir.
Mas, para ser sincera queria que um dos meus desejos, esse aqui guardado no coração, queria que ele se tornasse realidade, só então, eu poderia ter de volta as coisas bonitas que eu gosto de imaginar. E talvez, poderia voar novamente e ter forças, sorrir.
Eu não perdi a fé, ela continua inabalável, eu só perdi a vontade de sonhar e isso me dá muito medo.

- Rafaela Alves.

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