quinta-feira, 29 de abril de 2010

Uma borboleta confusa.

Esse texto começa como se houvesse alguma parte antes, algum outro início. Há, mas não pude escrever, não quis escrever palavras com lágrimas escorrendo pelo meu rosto até pingar no meu lençol, por isso pode parecer confuso, entendam que não pude escrever tudo.
Eu até pensei em não escrever nada, fiquei alguns minutos imóvel, com lágrimas no travesseiro, apertei contra meu corpo a coberta e por um momento sumi. Por um momento eu sumi, ou quis sumir, fechei os olhos para ver se dava certo. Cheguei a achar que sim, mas logo me vi novamente no quarto, frio, só.
Posteriormente as palavras que ouvi decidi silenciar, distância talvez, fugir. Achei que não conseguiria mais deixar sair de minha boca algum som, na verdade ainda não estou conseguindo, as palavras ficam trancadas na garganta e a única coisa que costuma sair de dentro de mim são suspiros.
Não, não são suspiros de alívio, ou talvez seja alívio, mas me parece um ar confuso e inexplicável que sai do meu pulmão, quase sufocando, quase parando de puxar e soltar o ar, como sempre foi fácil de fazer, hoje não.
Hoje não está sendo fácil nem mesmo respirar, a dor física me impede de estar bem, mas a dor espiritual? Esta está me matando. Acabo por sentir o peso de um sentimento que parece não existir, não com as outras pessoas, para mim existe e dói.
Mistura um peso nos ombros, olhos fechando, a minha dor no estômago, cansaço. Esse sentimento parece passar por entre minhas veias, vai até a minha cabeça,volta no coração, e não é nada parecido com felicidade, tristeza, raiva, nem amor.
É diferente, eu não estou sendo clara não é? Na verdade nem esse sentimento, nem os acontecimentos estão muitos claros para mim, descobri que por dentro é escuro.

Para lhe ser sincera não sei do que estou a falar, o fato é que escrever me faz ter sentimentos de esperança, me faz ser por um momento borboleta, que em pouco tempo morre. Porém, enquanto me sinto borboleta me sinto bem, não me importo que quando este texto acabar eu morra novamente, vou tentar sair de mais um casulo e voar quantas vezes for preciso.
Borboletas amam? Elas têm tão pouco tempo que creio eu que elas deixam o amor para os passarinhos, eles podem amar mais. Quase sempre vi borboletas voando só, elas devem ser assim, sozinhas. Mas, particularmente mesmo sozinhas elas são belas, às vezes mais do que alguns passarinhos. Talvez não seja tão ruim assim ser uma borboleta e voar sozinha, a beleza deve vir de dentro, por si só, acho que o amor também.

- Rafaela Alves.





"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te supreenderás pensando algo como “estou contente outra vez”. Ou simplesmente “continuo”, porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloqüentes como “sempre” ou “nunca”. Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicidio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituimos expressões fatais como “não resistirei” por outras mais mansas, como “sei que vai passar”. Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência."
(...)

Caio F., sempre o maravilhoso Caio.


Amor é quando você sai para comer e oferece suas batatinhas fritas, sem esperar que a outra pessoa te ofereça as batatinhas dela.
CHRISSY, 6 ANOS

Amor é como uma velhinha e um velhinho que ainda são muito amigos, mesmo conhecendo há muito tempo.

TOMMY, 6 ANOS

Amor é quando seu cachorro lambe sua cara, mesmo depois que você deixa ele sozinho o dia inteiro.

MARY ANN, 4 ANOS

Deus poderia ter dito palavras mágicas para que os pregos caíssem do crucifixo, mas ele não disse isso. Isso é amor.

MAX, 5 ANOS




Texto lido aqui.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Daquilo que poderíamos ser.


Poderíamos ser um pouco de sorvete de flocos, um pouco do lado gelado e doce do sorvete, gelado não por gelo propriamente dito, gelado nos momentos mais quentes, gelado quando está tudo já a ponto de fervor.
Poderíamos ser também companheiros de dança, nas noites em que voaríamos sobre o céu, talvez também nos dias, dançar sob a luz do sol, da lua, pisar em estrelas, passear.
Poderíamos então passear por alguns campos, sermos borboleta e pássaro, sermos flor e grama, onde a grama (você) faz da flor a coisa mais bonita do mundo, amor.
Poderíamos ser amor, amor no sentimento assim por si, afeto, carinho, abraço. Sermos eu e você em qualquer lugar, sendo juntos. Seríamos então outro ser quando unidos, como se você fosse apenas você quando só e comigo o mesmo, mas juntos, juntos seríamos outra coisa, inexplicável. Alguma coisa mais bonita, mais iluminada, mais feliz.
Poderíamos então ser a felicidade, tipo um conjunto de sorrisos diários, e noitários (essa palavra iria existir só no nosso mundo), seríamos beijos de chocolate, ou de halls com água gelada (perdoe-me os pensamentos pervertidos), seríamos filmes no escuro, pipoca, e sob cobertas e abraços no frio, seriamos banho no verão, seríamos dois em um, quando juntos estivéssemos.
Arrisco então a dizer que seríamos esse amontoado de coisa boa durante toda a vida, porque seríamos cúmplices, seríamos companheiros, amizade acima de tudo. Seríamos confiança, mãos dadas, desejo, e doces palavras.
Digo seríamos porque não somos, é triste dizer, não somos na verdade nada disso, não somos na vida em que vivemos, mas na minha cabeça, somos.. seríamos.. seremos.. na minha cabeça, nas minhas palavras, nos sonhos.
Seríamos como conto de fadas, está no papel, mas não sabemos ao certo se são realidade em algum lugar do mundo, universo talvez.



Não me aproximo porque, veja bem, sabe lá quem habita a tua solidão. Hesito. Recuo. Me afasto tristíssima. E te imagino em poses e sorrisos, voz grave e cabelos desgrenhados, presos nas minhas fantasias mais loucas e movimentados.
Numa delas sou um bichinho invisível, com asas, que adentra tua casa e te observa em segredo. Faço o contorno do teu corpo todo com os olhos, parada contra a parede do teu quarto, imóvel, enquanto tu te atiras na cama. Cansado. Tu olhas para o teto imaginando mil coisas, memórias, compromissos, desejos, saudades. Te fito com dor. A luz do abajur faz sombra na tua pilha de livros, que folheei um dia e quis pedir emprestado mesmo sabendo que não havia intimidade para pedidos.
Por razões que desconheço, nossas aproximações foram sempre pela metade. Interrompidas. Um passo para a frente e cem para trás. Retrocessos. Descaminhos. Procuro sinais de algum amor teu. Vestígios de noites passadas. Tu não me vês, estou incógnita a te observar. Como sempre estive, olhando pelas janelas, de longe, coração apertado.
Nós poderíamos ser amigos e trocar confidências. Assistiríamos a filmes, taça de vinho nas mãos, e tu me detalharias as tuas paixões e desatinos. Nós poderíamos ser amantes que bebem champanhe pela manhã aos beijos num hotel em Paris.
Caminharíamos pela beira do Sena, e eu te olharia atenta, numa tentativa indisfarçável de gravar o momento e guardá-lo comigo até o fim dos meus dias. Ou poderíamos ser apenas o que somos, duas pessoas com uma ligação estranha, sutilezas e asperezas subentendidas, possibilidades de surpresas boas. Ou não. Difícil saber.
Bato minhas asas em retirada. Tu dormes, e nos teus sonhos mais secretos, não posso entrar. Embora queira. À distância, permaneço te contemplando. E me pergunto se, quem sabe um dia, na hora certa, nosso encontro pode acontecer inteiro. Porque tu és o único que habita a minha solidão.


“Aos caminhos, eu entrego o nosso encontro.” Caio Fernando Abreu


Blog onde vi o texto.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Para as cores.

Só porque hoje eu estou mais sonhadora do que com os pés no chão, quis fazer um texto para as cores, não consegui dizer muito porque elas parecem ser muito mais do que parecem.
Azul
me traz paz, céu, mar, olhar.

Verde é grama, árvores, folha, planta, verde a gente ama.
Rosa vem com doçura se for clarinho, e se for pink tem ar de sorriso e festa.
Laranja é quentinho, fruta talvez, laranja tem energia, tem som de vida
Amarelo, humm sol né, luz, verão, abacaxi.
Vermelho tem aquele ar de paixão, amor também, coração, tem sentimento.
Lilás é calminho, roxo vem abalando, violeta é flor.
Branco e Preto vem tipo casal, separados são quem são, bem básicos, juntos são tudo.
Cinza é preto com um pouquinho de branco, cinza só não é bom quando é de cigarro.
Marrom
, só se for o de chocolate, apesar que gosto mais de chocolate branco, mas o marrom deve ter seu lado positivo.

Será que eu esqueci alguma? Acho que não, qualquer coisa a gente mistura essas e vê o que dá.
Céu com abacaxi, grama com casal, doçura com sentimento, paixão com chocolate, fruta com flor.
Cada um mistura do jeito que quiser e forma aquilo que sonha, importante é ter cor e em cada uma ter muito mais do que um tom, ter um mundo inteiro, gerar sorrisos, fazer bem.
Ps. Dourado e Prata também vale, só pra dar um brilho a mais.

- Rafaela Alves.


Das confusões da mente.

Universo, o que será que é, do que é feito, tem como medir, falar, escrever, limitar?
Não tinha parado para pensar antes o que seria o universo, o tamanho que ele tem, será que ele tem tamanho, cabe no bolso? Cabe no céu? Ou o universo é o céu? Além dele, sobre ele, universo tem o que dentro?
Pensei se teria como tocar o universo, tocar o chão seria tocar ele? Se eu estivesse em um avião eu estaria fora dele? Universo é chão e céu ao mesmo tempo?
Talvez ele seja confusão, seja vento forte e brisa, folhas das árvores caindo, flores, pétalas, abelha, grama, areia, talvez mar e os golfinhos?
Ah quanta coisa ele parece ser, ou será que as coisas fazem parte dele? Quanta pergunta, as respostas moram onde? Universo tem quarto, sala, cozinha e banheiro? Uma garagem com um cavalo colorido? Unicórnio? Universo tem cavalo marinho? Tem borboletas cintilantes, tem anjos, tem as estrelas, noite, dia, chuva, neve, gelo e alegria, isso tem.
Será que tem também um pouco de pó de felicidade? Abraços de fadas, asas branquinhas para voar, chuva de confetes (de chocolate), balanço nas nuvens, neve quentinha, mar de perfume, água de colônia com cheiro de céu, banho de banheira com espuma de rosa.
Universo, universo, na Terra, em Marte, Saturno, tudo junto? E junto com todos os planetas tem outros mais distantes? Tem outras águas por ai, outro sol, será? Vinte luas, quadradas e em forma de flor, coração talvez.
Será que pelo universo tem mais cachorrinhos, gatinhos, pássaros, joaninhas, borboleta de cor que nem dá pra imaginar. Mais sabores, cores, odores, espero que pra lá só não tenha mais dores. Pelo universo devem ter mais músicas, melodias diferentes das daqui, vozes, danças, crianças.
E quando a gente faz a passagem desse mundo será que a gente conhece tudo? Pode visitar onde for, pode ultrapassar sobre o céu e visitar o universo todo? Até onde tem universo? Acho que nem vamos conseguir ir a todos os lugares, ou a alma pode tudo?
Na verdade a gente pode tudo quando fecha os olhos, ou quase tudo.
Bom, talvez as respostas não sejam certas, mas na nossa cabeça a gente pode responder qualquer coisa.
O universo lá fora pode ser inexplicável, mas no universo dos meus sonhos tudo faz sentido para mim, acho que isso é o que me importa hoje.

- Rafaela Alves.
'..Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
Natural é encontrar. Natural é perder.
Linhas paralelas se encontram no infinito.
O infinito não acaba. O infinito é nunca. Ou sempre..'

Caio F.

Coloca uma blusa e vai voar.



Voar, voar, voar. Parece difícil para nós, pássaros seus sortudos.
Mas, hoje eu me dei conta de que escrever é estar em qualquer lugar, e ninguém é louco por escrever coisas impossíveis, na verdade possíveis para quem quer. Por isso, escrevo sobre os lugares que vou, sem medo de críticas, o fato de ir até esses lugares me deixa calma a ponto de não me importar.
Para quem nunca voou, aqui vai o relato da minha experiência.
Voar, voar, não é difícil, a gente só precisa de um pouco de concentração, olhos fechados, uma janela, e o céu. Eu particularmente gosto de colocar um vestido rodado.
Então, você respira fundo e sai pela janela do quarto, ou da sala (caso você esteja deitado no sofá). No começo é difícil, parece quando a gente está começando a aprender a andar, às vezes uma queda, mas logo você consegue se elevar, elevar e se levar para o céu.
Força, muita força que para chegar lá a pressão é um pouco forte. Faz aquela cara feia de quem está fazendo força pra levantar um caminhão e respira feito as grávidas na hora do parto, você logo chega no azul clarinho, ou marinho (se for a noite).
Lá você não se preocupa com força, fica leve, feito pluma, feito lenço de moça que o vento leva. Estica os braços, rodopia (por isso o vestido), dança a melodia dos anjos, canta se você quiser.
Não precisa temer a queda porque o céu é feito um colchão d'água que você pula em cima e volta pro ar. Voa até os campos que tem lá, sente o cheiro das flores, passa em você o perfume delas, coloca uma no cabelo que sorri. Diz olá para os passarinhos coloridos, manda beijinhos aos anjos que estão acenando para você e se você cansar um pouco deita na rede de nuvens branquinhas.
Pega o algodão doce cor de rosa e lambuza a boca, morde as cerejas vermelhinhas e vai nadar no mar quentinho que tem lá.
Fique o tempo que quiser e volta, respira fundo fica de ponta cabeça e escorrega nas cachoeiras de azul, se segura na brisa e chega em casa.
Não chora por voltar (eu sei tanto quanto você o quanto é bonito e gostoso lá), mas fica um tempo na sua cama, no sofá, sorri, lembra do passeio e tenta dormir.
Amanhã você vai passar o dia pensando nessa sensação doce, voa quando amanhecer, um pouquinho a tarde e volta novamente quando anoitecer, daí você pode ver o sol nascer e se pôr bem de perto. Depois, as estrelas.
Vai e volta todo dia, quando precisar de paraíso, vai e volta que lá você toma banho de energia positiva, coloca luz na alma e sorriso no rosto. Vai e volta várias vezes, que você vai ser alguém mais feliz a cada passeio que faz no céu. Coloca uma blusa e vai voar.

- Rafaela Alves.

Na ponta do arco-íris.



Como deve ser no final do arco-íris? Lá onde supostamente fica o pote de ouro, deve reluzir bastante, brilho, estrelas, anjos talvez.
Quando pequena olhava o arco-íris e parecia ser tocada pelas cores, um sorriso, um ar de colorido de Deus. Hoje penso que ele é um pouco transparente, talvez não tenha como chegar até ele, talvez só se eu fechar meus olhos eu consiga tocá-lo.
Gostaria de estar lá, no topo do arco-íris e escorregar com as mãos voltadas para o céu, e dar risadas, doces risadas, chegar no final dele e ser feliz. Nem precisa ter um pote de ouro lá.
Ouro não me é muito importante, mas eu queria um colar de ouro, um em especial que era de minha mãe.. só para trazer uma lembrança feliz. Fora isso, o ouro não me é importante.
Na verdade, se eu chegar até o fim do arco-íris nada mais teria importância. Desculpe-me se eu estiver sendo egoísta, mas a ponta do arco-íris parece ser um lugar tão especial que acabo em delírio, ilusão, magia talvez.
Quem mora lá? Fadas? Duendes? Anjos? Moradores do arco-íris?
Acho que lá deve ser um paraíso perdido, mas é vip. Não é?
Onde será que se encontra a pulseirinha colorida para entrar lá?
Devem ser pulseirinhas de sonhos, quando a gente imagina ela no braço e está lá.. pensamento. E ai a gente pode também criar os moradores de lá e até levar alguém que gostamos daqui. Balançar, escorregar, pular, lá deve ser tipo um parquinho misturado a um campo, com cachoeira, talvez algumas balinhas de goma, passadas em açúcar daquele em forma de pequeninos cristais.
Acho que vou para lá essa noite, sim os arco-íris se formam a noite também, ficam escondidinhos é só a gente achar, além de tudo isso vai ter estrelas lá, que bonito.

- Rafaela Alves.


'..Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis..'

Caio Fernando Abreu.

domingo, 25 de abril de 2010

Alento

Quando mais nada houver,
eu me erguerei cantando,
saudando a vida
com meu corpo de cavalo jovem.
E numa louca corrida
entregarei meu ser ao ser do tempo
e a minha voz a voz do vento.
Despojado do que já não há
solto no vazio do que ainda não veio,
minha boca cantará
cantos de alívio pelo que se foi,
cantos de espera pelo que há de vir.

Caio F.