segunda-feira, 8 de março de 2010

De se entregar a ilusão.


Depois de algum tempo voltei, hoje para registrar aqui um pouco de lágrimas, um pouco de alguém que talvez desacredite no amor. Não quero que pense em algo muito exagerado, nem mesmo que este texto toque seu coração, encare como um desabafo de alguém que apenas perdeu o chão, mas para algumas pessoas perder o chão pode significar o impulso para voar. Apesar de que hoje eu não gostaria de voar, não hoje, quando estou em casa eu sou rainha, sou dona do mundo, sou livre.. hoje lá fora parece perigoso demais. Mas para voltarmos ao foco por que alguém desacreditaria no amor? Durante muito tempo pensei nas pessoas que ainda não haviam descoberto o amor, naquelas que haviam perdido seus precisos dias ao lado de pessoas as quais não estariam ao seu lado nos próximos 40 anos, no mínimo. Pensei e cheguei a conclusão de que elas ainda não tiveram a oportunidade de encontrar alguém em quem depositar tudo o que é, isso depositar em alguém o que você é, suas manias, seus defeitos, suas qualidades, seus sonhos.. entregar na mão de uma outra pessoa a sua essência, entregar-se do fio de cabelo ao pingo salgado das suas lágrimas em um dia ruim. Foi então que eu percebi o tamanho do que eu tinha nas mãos, um amor para estampar em jornais, amor de novela, filme, música, desses amores que todo mundo escreve, mas pouca gente sente. Amor de fechar os olhos e sorrir, amor de espalhar para o mundo e bater no peito o que é amar e ser amado verdadeiramente. Mas percebi, talvez tarde demais, que verdadeiramente não era a palavra certa para colocar ao fim dessa frase, a pouco eu talvez não saberia bem ao certo o significado de certas palavras: dissimular, mentir, enganar. Palavras que no meu vocabulário eram apenas palavras, porém, eu (sem querer) as vi traduzidas em pessoas.
Tive em minha vida uma alma iluminada que me ensinou tudo (de bonito) que acredito, essa alma (gêmea) que chamei de mãe me ensinou a ver a beleza em todos os centímetros das pessoas que existem no mundo, ela sentou-se uma vez ao meu lado e disse: todo mundo é bonito, é só procuramos a beleza de cada um. Então eu coloquei isso na minha cabeça e segui por ai, mas como uma alma cheia de luz ela não havia pensado na possibilidade de haver escuridão, enquanto ela via apenas a bondade. Infelizmente eu, andando por ai, esbarrei na escuridão, eu que me via rodeada de paredes coloridas, de corações desenhados, de amor chovendo de nuvens feitas de palavras bonitas.. escorreguei na minha própria inocência de, sem ser inocente, acreditar em contos de fadas, em acreditar que amor de novelas, filmes, músicas e livros poderiam também ser reais. Levei um tombo e me machuquei de verdade, um tipo que dor que não se tem quando se rala o joelho, ou quando sangramos por ter acabado com o dedão do pé no chão de cimento, é dor que brota da alma, dor que parece perfurar o coração, estômago e qualquer órgão que estiver ali por perto, e de tanta dor a gente chora, chora feito criança que acaba de nascer, feito gente que perde quem ama para sempre.
É e perder quem ama para sempre não é apenas morte, é também acordar daquilo que para você era sonho e para o outro era qualquer coisa sem valor. Mas de qualquer forma a palavra morte também caberia aqui. Morte, eu sei é uma palavra forte, mas não haveria outra palavra melhor para explicar o fim de momentos antes tão intensos. Morte de todos os dias que passei vivendo na (doce) ilusão de amar, morte das palavras de amor (palavras essas jogadas ao vento), morte dos euteamomuitomaisquetudo, morte das risadas, palavras carinhosas, morte daquilo que um era para o outro. Morte.. o fim definitivo de algo que um dia foi vivo.
É como olhar para trás e ver tudo que se passou apagando (exatamente como faz a borracha em cima do lápis) sem volta. Não gostaria de colocar muito sentimento neste texto, mas devo dizer que não é fácil olhar para o fim disso tudo. Está sendo até mais doloroso do que eu esperava, às vezes a raiva cura mais rápido a dor, mas neste momento eu não estou encontrando dentro de mim a raiva que preciso para isso. Eu busco a cura para essa dor em tudo que vejo, busco a cura nas palavras ditas (em vão) para mim, em cada frase que escrevi jogadas ao vento (para outras pessoas), busco essa minha cura em tudo que vi antes e agora (depois) do fim do nosso (na verdade meu) sonho.
Talvez eu deve-se aqui encerrar esse meu desabafo de dor da perca de uma ilusão amorosa, mas não antes de (ainda) falar um pouco sobre amor.
Eu disse no início que desacreditei no amor, é desacreditei, mas não o esqueci.
O (meu) amor é ilusão, simples assim, sem rodeios.
Contudo onde está escrito que não se ama ilusões?
Por mim eu diria que grande parte das pessoas amam as ilusões, amam tudo que por um momento lhe fazem bem, apesar de serem ruins.
Eu amei a minha ilusão, e continuo amando, e acredito que mesmo certa de que é apenas uma ilusão eu continuarei amando-a.
Nos próximos dias, meses ou anos eu posso estar descrente do amor, amor dos seres humanos, amor divino onde como eu já disse se entrega a sua essência na mão de outro ser, mas eu ainda amo, amo a esperança que tive de algo que desejei ter mais do que qualquer coisa na minha passagem por essa vida. Continuo amando a imagem que guardo na minha mente, amando a voz que fica todo o tempo nos meus ouvidos, os dias bons que passei e os dias mais difíceis também. Sigo ainda amando quem (seja como for) esteve ao meu lado quando precisei, apaixonada por suas qualidade e seus defeitos, pelo jeito de falar, pelas palavras (talvez falsas) que me disse.
Apesar de tudo,
eu continuo.. continuo aqui vivenciando de novo o que passei tentando entender o porque de tudo isso, me martirizo, me culpo, te culpo e choro.
Apesar de,
sofrer eu ainda posso sorrir, tenho ao meu lado tantos outros amoresamigosfamiliares que eu não poderia chorar para sempre.
Apesar,
que fora tudo isso eu (estranhamente) ainda te amo além dos amores que existem neste mundo, talvez seja isso, um amor além, tão além de tudo que vivemos aqui que chega a ser espiritual (ou talvez apenas um delírio da minha cabeça).

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