quarta-feira, 15 de maio de 2013

Pensamentos desorganizados, sobre roseiras.



Costumava nutrir pensamentos demais. Tentava ocupar um tempo inocupável, na esperança de que os pensamentos deixassem de ser algo além do racional necessário, inteligência básica para uma sobrevivência no dia a dia material do mundo. Assim como ele é, seco, conturbado, atarefado que encobre, feito a poluição, o bonito da vida.

É o bonito... mas, todo bonito carrega consigo uma sutileza que dá brilho ao horizonte dos olhos, sutileza da qual o mundo, corrido, absurdo da desilusão de que felicidade é dinheiro, ou qualquer outra realização soberba, esse mundo que não sabe ser sutil.
E pesando nisso, eu num mundo que não sabe ser assim percebi que quando me nutri das coisas bonitas fui sutil demais a ponto de me perder, sofrer, no mundo que também não sabe acolher.
São pessoas demais vivendo, nutrindo e cultivando uma beleza (digo beleza querendo dizer sentimentos), que ferem, assim como roseiras. Penso se esses (eu) que pretendem ainda, depois de calejados, ser roseiras adubadas de sentimentos, que são bonitas, mas ao mesmo tempo ferem. Se ser assim seria certo, num jardim que quase ninguém quer cultivar a rosa, já que pra isso tem que se valer do espinho.
Pra falar a verdade, eu que já penso demais e me mantenho deveras confusa comigo mesma, estava me questionando se em mundo de gente ferida ainda dá pra cultivar rosa colorida, de beleza, sentimento, sutileza. Dessas que o mundo aqui não sabe.
Pensando nisso creio que admito que pra nutrir isso na gente tem que se reconhecer não pertencente ao mundo em que se está. Na verdade não, é só caminhar aqui com uma cabeça de lá.
Lá... do mundo onde a sutileza é natural, e sentimento não costuma ser algo perigoso, ou receoso qualquer.
É nesse mundo (guardado no peito, no lado esquerdo) que vivem todas as possibilidades belas de se sorrir quando o dia nasce, e junto ao dia nascendo tem alguém abrindo os olhos de preguiça do seu lado.
Tem guardado nele todo um efeito de olfato, tato, paladar, sussurro qualquer que faz das seis horas um desabrochar daquelas rosas carregadas de sentimento.
Esse mundo que gente pisa cauteloso, assim meio que um passo lá, outro cá, porque tem aquela velha história de quem já provou do espinho e sabe que toda rosa é bonita, mas vai te ferir uma hora ou outra.
Tudo bem então, quer dizer que rosa nenhuma agora vai ser colhida só por conta da ferida de uma outra rosa qualquer?
É que eu penso que com toda essa beleza que a rosa (amor) tem, os espinhos não deveriam ser levados em conta. Sei lá, deve ser porque mesmo que eu fure o dedo, vale a pena encostar na rosa e trazer ela pra perto, sentir o perfume.

É confuso, agora eu já nem sei se encaixaram o mundo, o coração, a sutileza, o sentimento, o espinho, tudo num fluxo único de pensamentos desorganizados qualquer falando sobre roseiras.
Não sei se são roseiras ou pessoas de tão perfumadas que algumas são. Sei que eu suspeito ainda ser moradora de um mundo que costumam chamar de coração.
Quero a roseira mesmo que ela tenha espinhos, porque também sou roseira e sei da dor de ferir e ser ferido.  Mas, sei também do perfume, e daquele suave brilho que tem a pétala. Só dá pra ver de pertinho...

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