domingo, 2 de janeiro de 2011


É natural sentir medo, receio, colocar o pé alguns centímetros para trás. Sair um pouco da rocha que a gente constrói por cima da pele, respirar fundo e isso não ajudar em nada.
Natural talvez querer fugir em algum momento, sentar-se ao lado de uma árvore e pensar na vida com um ar insatisfeito. Você, ele, eu posso fazer isso, tenho direito de não achar que está tudo bem, e não está. Aliás, pra ser sincera estaria se não fosse a sutil dificuldade de simplificar as coisas. Parece que tenho um gosto pelo nó, um prazer em entrar nas ruas sem saída, de chegar ao topo da montanha e ficar nas pontas dos pés (só pra ver se ainda tenho o equilíbrio do ballet que fiz quando criança). Eu não sou mais criança, perdi a simplicidade dos dias em que andar de bicicleta me bastava, perdi a facilidade das histórias que criava para minhas bonecas, as frases sinceras que faziam rir (mesmo que duras de serem ouvidas). E desde que não sou mais criança eu sofri bastante, com pequenas e grandes coisas, e me fiz forte (me faço forte). Mas, não que isso tenha me tornado rígida. Eu gostaria de mudar o mundo, as pessoas, e ter a consciência de que isso não é possível me faz querer sair correndo e encontrar algum lugar que eu pudesse esquecer as aflições. Não estou querendo jogar fora as oportunidades que a vida me dá, nem recusar a possibilidades de felicidade, eu só não estou querendo me arriscar nas ruas sem saída. Pisar em lugares tão desconhecidos que me fazem temer o que vem pela frente.

- Rafaela Alves.

Nenhum comentário:

Postar um comentário