quarta-feira, 30 de junho de 2010


E tô achando bom, tô repetindo que bom, Deus, que sou capaz de estar viva sem vampirizar ninguém, que bom que sou forte, que bom que suporto, que bom que sou criativa e até me divirto e descubro a gota de mel no meio do fel.
Colei aquele 'Eu Amo Você' no espelho. É pra mim mesmo.

Caio Fernando Abreu

É muito bom voltar para mim sobrevivida do vendaval das emoções.
Elisa Lucinda

terça-feira, 29 de junho de 2010

Daquilo que já perdi.


Já me perdi na rua, quando era pequena.
Já perdi média, quando estudava no ensino fundamental.
Já perdi 50 reais, quando eu estava precisando dele.
Já perdi a hora, quando a cama estava quentinha.
Já perdi um beijo, quando era bv e tinha medo de não saber beijar.
Já perdi no truco, quando meu irmão ainda estava me ensinando.
Já perdi o equilíbrio, quando bebi além da conta.
Já perdi o ônibus, quando estava atrasada 40 minutos.
Já perdi último capítulo de novela, quando estava na aula.
Já perdi 40 reais, quando uma cigana me puxou na rua.
Já perdi a paciência, quando fiz trabalho em grupo.
Já perdi uma amizade, quando discutimos por besteira.
Já perdi meu celular, quando deixei ele na lanchonete.
Já perdi uma sombrinha, quando deixei junto com o celular.
Já perdi aposta comigo mesma, quando pequena ficava me desafiando.
Já perdi a vista da estrada, quando dormi a viagem toda.
Já perdi um dia, quando dormi de manhã e acordei à noite.
Já perdi o sono, quando fiquei pensando na mesma coisa por horas.
Já perdi a pessoa que me era tudo, quando chegou sua hora.
Já perdi um amor de alma gêmea, quando ele resolveu ir embora.
Já perdi tanta coisa, quando ainda continuo inteira.
Já perdi tanta coisa importante, quando continuo com uma fé inabalável.
Já perdi tanto nessa vida, quando ainda quero vivê-la intensamente.
Já perdi tanto, quando ainda quero ter tantas outras coisas.
Já perdi, quando poderei perder mais ainda e continuar sorrindo.

- Rafaela Alves.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Do silêncio de um adeus.


Todos nós sabemos que até o que é bonito acaba, é comum a beleza ser finita. Borboletas morrem, e até rápido demais, o céu fica nublado, crianças fazem birra, diariamente pessoas discutem.
O que é bonito sempre tem um fim, e precisamos até esperar que ele logo chegue, flores murcham, secam.
Não deve ser novidade que para mim o amor é a coisa mais bonita do universo, e é sempre, em qualquer plano desse mundo, o amor traz um sopro perfumado de rosas. Já disse também que amor é infinito, mas não citei sobre o fim da beleza, ela também acaba no amor.
E isso, claro, não significa que deixamos de amar, apenas começamos a olhar com outros olhos. Olhos estes inundados, talvez a lágrima tire a beleza dos olhos, talvez seja apenas o encanto que acabou, nem todo amor tem que ser bonito.
Amores bonitos, na verdade, são raros. Eles começam bonitos, mas as pitadas de mentiras tiram o brilho, a distância algumas vezes deixa amargo, a saudade faz salgar os olhos.
Não sei bem quando foi que aconteceu, quando foi que a beleza se foi, que a lágrima escondeu de mim o brilho. Nem mesmo sei quando o perdi, quando aquele cordão de luz que nos unia se partiu, não percebi quando ele se afastou tanto que eu não podia mais tocar suas mãos.
Talvez eu sempre estive consciente de que ele iria, de que não seria como planejei, que ele um dia seria apenas uma lembrança, um aperto contido no peito, um choro guardado, uma saudade infinita, uma ilusão.
Creio que muitos me avisaram sobre o sofrimento, sobre a dor, sobre a distância, mentiras. Nem sei o que pensei quando quis esperar algo que havia começado errado, nem sei como esperei tanto, sei que havia esperança, e era grande.
Havia sonho, tanto sonho que eu quase vivia entre as nuvens, quase podia tocar estrelas, quase o toquei. Mas, sabemos que quase não basta, talvez nem os sonhos, acho que por isso nunca sonhei com ele, quando dormimos devemos ir a lugares possíveis.
Não sei dizer se foi bom ou ruim esse fim, mas sei que acabou, até arrisco a dizer que era para ser assim. Mas, como só a beleza acaba, continuo amando.
Felizmente meus olhos estão secos, posso olhar a estrelas hoje, posso até sorrir, continuo viva. Mais dolorido do que te perder seria não aceitar essa perda.

Pode ir que eu vou seguir o caminho mais distante do seu, que é para as lágrimas não voltarem, vou fazer da saudade apenas lembrança, vou fazer da dor uma cócega, vou fazer de você uma borboleta bonita, que morre e nem por isso deixou de ser bela, de trazer sorriso, de colocar brilho no olhar.
Farei de nós dois, do nosso amor vento, uma coisa que sentimos, mas não vemos. E talvez lá do outro lado seja diferente, caso eu te encontre eu faço um laço e te entrego de presente o meu coração, podemos até realizar os nossos planos. Mas, enquanto estamos aqui escolhe o teu lado que eu sigo pelo outro. Ouvi dizer que 'linhas paralelas se encontram no infinito', esse é o nosso caso.
Eu o amo e a distância nunca mudou isso, só estou aceitando a decisão que tomou de seguir, aceitando silenciosamente, se eu gritasse para que ficasse não seria amor, seria apenas escândalo.

- Rafaela Alves.

segunda-feira, 21 de junho de 2010



Hoje, andando quase que sem rumo, vi uma estrela no céu ainda azul clarinho do anoitecer. Era só ela naquela imensidão, brilhando mais do que qualquer outra luz.

Passei quase meio minuto andando e olhando para ela, ouvi dizer que quando vemos uma só estrela no céu podemos fazer um pedido. Foi o que eu fiz, apesar de não saber bem se ela me escutaria.
Já não é segredo que eu pedi para ver você, e sei lá, por um segundo pensei ter te visto. Talvez tenha sido mesmo uma materialização da minha cabeça, coisa de gente que ama demais, talvez fosse você.
Sei lá, talvez a estrela tenha me escutado, pois se escutou, ela já sabe que eu preciso de um abraço seu (mais do que qualquer outra coisa nessa minha vida).
Não que isso seja um segundo pedido, ou um abuso da minha parte, é só um complemento de olhar nos teus olhos. Ver você e não te abraçar é quase que uma ofensa para o amor que sinto.

Ps. não esquece de mim estrela, quero abraço também! :)

- Rafaela Alves.

Daquilo que aprendi com o tempo ou Da eternidade do amor.

Com o tempo aprendi que a ansiedade não faz bem, que o desejo, quase que louco, de ter algo não nos leva a lugar algum, que os choros e gritos desesperados faz doer o estômago e a cabeça.
Com o passar dos anos aprendi que o amor, aquele verdadeiro, não acaba jamais. Que posso superar mais do que imaginava, que algumas pessoas nos fazem sofrer, e por alguma coisa boa que vem de dentro, sabemos perdoar. Aprendi talvez mais do que qualquer coisa, que dias e meses passam, mas que isso não arranca sentimentos. Descobri então, que alguns sentimentos são eternos.
Não os de raiva, irritação, mágoa, tristeza. Creio que aquele que perdura, aquele que chega ao infinito é somente, e felizmente, o amor. Saudade também é longa, mas um dia ela passa, nem que para isso eu tenha que aguardar a passagem para o outro plano.
Uma coisa muito boa que trago comigo é essa, minha crença em que a vida terrena é apenas um segundo no universo. Nada aqui é eterno, exceto a alma, e sim, os sentimentos que ela carrega.
É por isso a minha calma de hoje em dia, antes estive desesperada, estive sufocada em um mergulho longo sob minhas lágrimas, estive mal.
O tempo também é eterno, mas entendi, embora tarde demais, que o tempo é amigo. Consegui enxergar o que os minutos passando podem trazer algo de bom. Essa coisa inesperada, futuro, mistério. E não é por essa coisa toda que não sabemos ainda, que devemos ficar ansiosos, é quase que fazer da espera um prazer.
Foi amando que eu aprendi isso, satisfação em esperar algo, confesso que ainda espero e isso já faz bastante tempo. Porém, hoje sei esperar com um sorriso nos lábios, com borboletas no estômago (não mais aquela dor que me consome). Deixei que o amor tomasse mais um lugar dentro de mim, o da aflição. Decidi ser tomada por um sentimento bonito, permiti que ele percorresse pela alma, encobrir a dor, lágrimas, ansiedade, o desespero.
Pode parecer confuso, mas também confesso que estipulei um tempo, para mim mesma, um momento em que não me caberia mais esperar. Continuo tomada pelo amor, como sempre estive, mas precisei de um dia em que me submeteria à obrigação de levantar e seguir (embora ainda com o desejo de permanecer na espera).
E é isso, esse dia está chegando, não posso esconder o meu coração disparado, nem mesmo uma pitada de ansiedade, mas posso dizer que resolvi acreditar no tempo. Como eu já disse, ele é amigo, normalmente amigos não nos deixam na mão, mesmo depois de anos.
Esperar, contando dias dentro de anos, para mim nunca terá sido em vão, seja lá o destino que Deus me reserva.
Aprendi que no amor, em especial aquele de almas gêmeas, a eternidade é companheira. Por isso a minha calma em aguardar silenciosamente. Embora nesse meu desejo gritante de que chegue, ainda a tempo, de me encontrar sentada.


- Rafaela Alves.


sábado, 19 de junho de 2010

Para onde os sonhos me levam.

Já tem um tempo que não venho aqui para escrever algo meu, que sai dos meus próprios pensamentos, coração, alma. Não sei bem porque durante esse tempo não conseguir colocar nas palavras o que tanto me remoia por dentro, meus silêncios que mais queriam gritar, embora me calasse cada vez mais. Minhas orações sussurradas, portadoras de um desejo intenso, uma necessidade, meus sonhos que mantenho guardados comigo, sonhos esses que permaneço a velar, todo o tempo.
Talvez por coincidência, ou mesmo consequência, nesse tempo dormi antes da meia noite, busquei no meu sono um refugio, minha fuga da não realização dos meus sonhos. Preferi dormir à chorar sobre meus sonhos, até porque todos nós sabemos que no sono os sonhos são sempre reais, era o que eu queria, que todos fossem reais.
De qualquer forma eu me recuso a deixá-los, me recuso com convicção, embora confusa, me nego a desistir dos meus sonhos, fingir que são banais, fazer deles algo que poderia ser deixado para trás.
Não, não é assim que se tratam os sonhos. Eles são um tipo de pedras preciosas, com aquelas cores radiantes, rubi, esmeralda.. sonhos são cristais, que se deve ter cuidado.
Sonhos não podem ser jogados no chão, devem eles ficarem no ar dançando com a brisa, descansando sobre as nuvens, sonhos têm asas.
Sonhos, para falar a verdade, trazem para a alma uma luz mais brilhante, trazem leveza aos dias pesados, sonhos costuram sorrisos nos lábios molhados por lágrimas.
Os sonhos são sempre doces, que é pra tirar o salgado dos olhos. E se a gente não se lambuzar desse açúcar, acabamos por ser alguém só, sobre o chão de cimento, pés cravados na frieza do piso do nosso quarto.
É por isso que seguro forte meus sonhos, que é para eles me levarem até as nuvens, não gosto de pés no chão frio, sempre me dá uma dor de garganta danada.
Resolvi escutar minha mãe quando ela dizia: - tira esse pé do chão, menina.

Estou tirando mamãe, levando eles para pisarem no céu azul lisinho, calçar nuvens.

- Rafaela Alves.

sexta-feira, 18 de junho de 2010


É certo que o feminino de amor só pode ser amora :)

quarta-feira, 16 de junho de 2010


Em caso de dor, ponha gelo, mude o corte de cabelo, mude como o modelo
vá ao cinema, dê um sorriso, ainda que amarelo, esqueça seu cotovelo

se amargo for já ter sido, troque já esse vestido, troque o padrão do tecido

saia do sério, deixe os critérios, siga todos os sentidos, faça fazer sentido

a cada milágrimas sai um milagre
caso de tristeza, vire a mesa, coma só a sobremesa, coma somente a cereja

jogue para cima, faça cena, cante as rimas de um poema
sofra apenas, viva apenas
sendo só fissura, ou loucura, quem sabe casando cura
ninguém sabe o que procura
faça uma novena, reze um terço, caia fora do contexto, invente seu endereço

a cada milágrimas sai um milagre
mas se, apesar de banal, chorar for inevitável,
sinta o gosto do sal, do sal, do sal
sinta o gosto do sal
gota a gota, uma a uma, duas, três, dez, cem, mil lágrimas

sinta o milagre, a cada milágrimas sai um milagre, a cada milágrimas.

Alice Ruiz

Desmediocrize sua vida. Procure seus "desaparecidos", resgate seus afetos. Aprenda com quem tiver algo a ensinar, e ensine algo àqueles que estão engessados em suas teses de certo e errado. Troque experiências, troque risadas, troque carícias. Não é preciso chegar num momento limite para se dar conta disso. O enfrentamento das pequenas mortes que nos acontecem em vida já é o empurrão necessário. Morremos um pouco todos os dias, e todos os dias devemos procurar um final bonito antes de partir.


Martha Medeiros